Em uma das cidades mais ricas do mundo, Hong Kong, as pessoas pobres são forçadas a viverem como animais em jaulas de malha de arame. Eles pagam cerca de R$ 463 (1.500 dólares de Hong Kong) por ano para ficarem no local. O governo diz que o negócio é ilegal.
Mantendo roupas e fotos ao lado de cobertores imundos, as pessoas dormem em cubículos de 1,82 centímetros de comprimento e 0,91 de altura. As gaiolas são empilhadas até no máximo três. Algumas pessoas não podem esticar as pernas e são forçadas a dormir com elas dobradas.
Em 2013, o governo chinês disse que 177 mil pessoas vivem em habitações irregulares em Hong Kong. Porém, como as jaulas são ilegais, é impossível definir o número exato de moradores. O dado oficial mais recente aponta que, em 2007, eram 53 mil pessoas nessas condições
Para os moradores, é melhor ficar ali do que nas ruas. Roger Lee, 61 anos, conta que está no local há três anos e que antes disso, estava em outro lugar semelhante.
— Eu estava na lista de espera de habitação social por muitos anos, mas sou solteiro, então, não tenho esperanças de conseguir uma
O governo diz que existem mais de 220 mil pessoas na lista de espera para uma casa pública. A espera média é de quase três anos. Alguns inquilinos das casas jaulas foram despejados, mas apenas cinco em cada 100 moradores receberam auxílio de moradia do governo.
Ver moradores de rua em Hong Kong já foi algo raro, mas hoje é comum. Muitos deles agora vivem em viadutos e túneis. Sze Lai-Shan trabalha em uma organização comunitária de Hong Kong que visita mil moradores das jaulas. O objetivo do seu trabalho é melhorar os padrões de vida dessas pessoas.
— Para oferecer uma moradia desse tipo, é necessário ter uma licença. Mas como muitas pessoas não tem essa licença, o governo não consegue ter o número preciso de quantas casas existem
Yan Chi Keung (foto), de 57 anos, vive em uma gaiola no chão com mais dois empilhados em cima dele. Paga cerca de R$ 400 (1.297 dólares de Hong Kong) por ano para viver no lugar